quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Beleza, natureza exuberante e agronegócio são a alma da Serra do Quilombo


Os paredões da Serra do Quilombo, a 40 quilômetros do município de Bom Jesus, surgem imponentes no meio de árvores e matas dos Cerrados. Os paredões e montanhas que formam a serra são de um verde muito forte. Sobre a vegetação, uma revoada de jandaias corta o silêncio com seu alarido.

Os gaviões carcarás estão em toda a região. Alguns deles aproveitam para comer os pequenos insetos que aparecem com a remoção da terra feita pelos fazendeiros proprietários de grandes áreas. Outros gaviões pousam em troncos com a postura de corujas.

Na mata, veados, emas, quero-queros, tatus, jacus, perdizes, perdigões e muitas espécies de cobras convivem em áreas de reserva legal mantidas, por determinação da legislação, pelas fazendas de plantio de soja, milho e arroz.

O professor Leandro Pacheco, do curso de Agronomia da Universidade Federal do Piauí em Bom Jesus e doutor em Produção Vegetal, afirmou que a Serra do Quilombo tem uma precipitação pluviométrica de 1.200 milímetros por ano.

Segundo ele, a Serra do Quilombo em uma área de baixão com altitude de 690 metros, altamente regular. Tem uma subida da serra e , a partir dali, tem uma topografia, que considera fantástica para a produção de soja e milho.

“A produção atual de soja e de milho está totalmente mecanizada e para otimizar essa mecanização, a topografia é fundamental por ser plana”, afirma Leandro Pacheco.

O vento é forte, os solos são mais arenosos, mas com o uso da tecnologia e aplicação de calcário para a correção do solo são altamente produtivos.

Leandro Pacheco diz que essas características permitem que na Serra do Quilombo a produtividade do milho atinja os 12 mil quilos por hectare, acima da média nacional, que é de 3,8 mil quilos por hectare.

Na serra, a produtividade média da soja é 3 mil quilos por hectare, mas alguns produtores atingem uma produtividade de 4 mil quilos colhidos por hectare plantado.

De baixo da Serra do Quilombo existe uma mata de transição dos Cerrados para o Semiárido.

A Serra do Quilombo é cortada por uma estrada, a Transcerrados, que nunca foi asfaltada.

Gaúcho de Santa Bárbara do Sul, no norte do Rio Grande do Sul, o fazendeiro Ivar Dallaglio, de 46 anos, se divide entre a fazenda de plantação de soja em sua cidade natal e a fazenda que possui na Serra do Quilombo, onde planta soja, milho e arroz.

Ele diz que escolheu a Serra do Quilombo para produzir soja, milho e arroz pela proximidade que a região, em Bom Jesus, fica mais próximo do Porto de Itaqui, em São Luis (MA), de onde os grãos são escoados para o mercado interno, para os Estados Unidos e China.

O Porto de Itaqui fica a 1.300 quilômetros de Bom Jesus.

Ivar Dallaglio afirma que sua escolha pela Serra do Quilombo para expandir seus investimentos foi feita porque na região os solos são muito bons, existe uma boa regularidade de chuvas e a grande planície e chapada sobre a serra.

“Isso permite que seja feito o plantio seja feito de forma direta, o que reduz o custo, além da produtividade estar sempre aumentando cada vez mais”, falou Ivar Dallagio, lembrando que é possível chegar a uma produtividade de 70 sacos por hectare plantado de soja.

A produtividade média hoje é de 60 sacos de soja, 15 quilos a mais do que a produtividade de sua fazenda no Rio Grande do Sul.

“Além dessas vantagens, as terras nos Cerrados do Piauí são mais baratas. Hoje, é inviável comprar novas terras no Rio Grande do Sul. Quando comprei minhas terras no Piauí se vendia um hectare no Rio Grande do Sul e com o dinheiro dava para comprar dez hectares nos Cerrados do Piauí”, falou Ivar Dallagio, que tem 6 mil hectares em sua fazenda em Santa Bárbara do Sul e sua fazenda na Serra do Quilombo é de 14,7 mil, hectares, sendo que 8 mil hectares são plantados com soja.

As imagens na Serra do Quilombo impressionam. Em cima da serra, a chapada, muito plana, é ocupada por plantações de soja, milho, arroz e algodão.

Tudo é muito verde. Nas plantações de arroz, um amarelo forte cobre a parte verde porque os grãos já estão maduros, prestes a ser colhidos.

A vegetação dos Cerrados deu lugar às fazendas de grãos que chegam a registrar as mais altas produtividades do Brasil. São quatro grandes chapadas com altitude média de 690 metros e um regime de chuvas que varia entre 900 e 1200 milímetros por ano.

Hoje, são cerca de 400 mil hectares plantados com soja, milho, arroz e algodão, mas com um potencial de plantação de 2,8 milhões de hectares.

Em cima da serra são mais de 50 fazendas, com tamanhos que variam de mil a 10 mil hectares e uma infraestrutura moderna. A soja é o principal produto cultivado, mas o milho já aparece como uma alternativa para a diversificação e rotação de culturas.
Nas margens da rodovia Transcerrados, de 400 quilômetros, estão unidades de grandes corporações agrícolas como a Bunge e Ceagro.

São unidades de entrega dos grãos ,onde os produtores podem deixar seus grãos, que são distribuídos de acordo com a demanda.